terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pablo Neruda

Morre lentamente...


...quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com que não conhece.
Quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho; quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho; quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar... Estejamos vivo, então!

2 comentários:

  1. A morrer lentamente estamos nós todos os dias... Não devia o texto começar com um "morre mais depressa..."? :)
    A conclusão é brutal: "viver" e "estar vivo" são coisas completamente diferentes... Fruamos a vida: carpe diem!

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  2. E "viver" é tão diferente de "estar vivo"...

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