sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Sou dos revolucionários"

Hoje recebemos uma visita ilustre no Gabinete. Com os seus muitos e muitos anos (90's, creio) o professor Raimundo Vicente, da "equipa" dos mais velhos astrónomos Portugueses, chegou com o seu ar alegre apresentando-se como sendo o "professor das palavras feias": "Sou o professor das palavras feias, daquelas que niguém gosta de utilizar. Falo português. Digo bicha quando estou atrás de pesssoas para almoçar. Digo com licença e se faz favor. Digo senha e não password. Sou o professor que muitos não gostam... Dei 7 vezes a volta ao mundo. Vivi lá fora, vi o que se faz e como se vive lá fora. Não ando para trás, se tomei o pequeno almoço, almoço e jantar no japão, hei-de tomar as mesmas refeições no país da frente. Fui convidado para falar sobre a minha área em muitos países. Sabe qual foi o único em que não fui convidado? O meu. Se pudesse, amarrava os nossos políticos com uma corda, colocova uma pedra a acompanhar e atirava-os ao rio. Não gastava energia, já viu? O único problema é que nem para alimento das espécies serviriam de tão indegestos que são.... Tenho muitas histórias da carochinha para contar, muitas... Mas aqui, ninguém as quer ouvir". Ganhei o dia. Agradeci-lhe o facto de me ter embalado com as suas histórias da carochinha. Não sei se o voltarei a ver mas sei que o ouvi e que presenciei a sua sabedoria. Chega-me. Numa altura em que as "pessoas" (essas) do meu País me desiludem a cada dia que passa, encantam-me essas pessoas (estas!) de um País que já o soube ser: País.
"Sou dos revolucionários", dizia.
 
 



 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

#Bold 4 - Sr. Doutor


Confesso que não sou fã da Senhora Doutora Isabel Stilwell desde o episódio infeliz da crónica "Parva da Geração Parva". Mas, como não sou "parva" e sou desta geração, sei apreciar um bom texto quando nele há bom assunto. E este é o caso.
Somos um País de Doutores. Doutores disto e daquilo e é o que se vê.
Que andemos infelizes com a crise, os problemas lá de casa ou o que quer que seja mas se, por algum motivo, do outro lado do telefone ou no destinatário da carta seguir  a conjugação "Dr.", a auto-estima cresce uns pontos e a malta até sorri de esguelha. E se for presencialmente o assunto muda de figura, enchem-se os pulmões de ar e arrebita-se o peito.
Vivemos de mais de aparências, ou lá se vivemos... E enquanto uns e outros "se apelidam", o rumo é este.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Perigo da Hesitação Prolongada

"Toda a gente há-de ter notado o gosto que têm os gatos de parar e andar a passear entre os dois batentes de uma porta entreaberta. Quem há aí que não tenha dito a algum gato: «Vamos! Entras ou não entras?» Do mesmo modo, há homens que num incidente entreaberto diante deles, têm tendência para ficar indecisos entre duas resoluções, com o risco de serem esmagados, se o destino fecha repentinamente a aventura. Os prudentes em demasia, apesar de gatos ou porque são gatos, correm algumas vezes maior perigo do que os audaciosos".

Victor Hugo, in 'Os Miseráveis'


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Amor a Metro - "O Amor jamais passará"

Entre os que passam, os que ficam, os que trocam de paragem e os que mudam de estação. Entre os que correm soltos pela melancolia dos dias e os que caminham pelo êxtase do momento. Entre os que mudam de rumo, os que traçam caminhos e fazem caminhadas...

...Entre os que fazem greve, os que trocam as horas e mudam os dias. Entre os muitos e os poucos. Entre os rápidos e os vagarosos. Entre os mudos e as línguas soltas.

Haverá, sempre, um que fica.

Quem sabe,  o Amor a Metro...

E o amor... "O amor jamais passará".






Obrigada, querida Ana, pela inspiração ("O amor jamais passará").