quarta-feira, 8 de agosto de 2012

JustBecause Entrevista - Lindy Hoppers! "O que estás a fazer? I'm doing the Lindy Hop!"


"Foi no dia seguinte ao primeiro voo transatlântico sem paragens, entre Nova Iorque e Paris, realizado pelo aviador Charles Lindbergh, carinhosamente conhecido pelos americanos como Lindy pelas suas façanhas aéreas, que um repórter terá ido ao Savoy fazer uma reportagem sobre esta dança. Na manhã desse dia os títulos dos jornais anunciavam a travessia. Um deles diria algo como "Lindy Hops the Atlantic". Quando este repórter perguntou a um dos dançarinos o que ele estava a fazer, nessa noite, este terá respondido: I'm doing the Lindy Hop"
Há poucos dias andava a passear pela blogosfera e eis que encontrei algo que me fez ficar bastante curiosa: o Lindy Hop e os Lindy Hoppers. Decidi que não devia guardar esta grande descoberta só para mim e aqui está uma amostra do que é este movimento. (Sim, uma amostra porque para sentir e perceber do que falamos só mesmo experimentando!)
E, afinal, do que falo?
Falo-vos de uma relíquia cultural nos tempos que correm! Swing, Groove, Convívio e Alegria. Poderíamos começar por apresentar o movimento "Lindy Hop" por aqui e acrescentar que quem faz parte do movimento, os "Lindy Hoppers", são verdadeiros bailarinos da boa disposição. 
Quebram rotinas com a música e a dança e convidam os citadinos a viajar com ritmo pelos anos 20/30/40 ou até pelos musicais que tantos trazem na memória.
Entrem com groove e swing nesta entrevista, ouçam as músicas, vejam o vídeo,  fiquem a conhecer o movimento e não deixem de experimentar!
Também há lugar para os do género "pés de chumbo" e se não houver par, a música encarrega-se de os encaixar, por isso, não se acanhem e dancem, dancem e divirtam-se!

Para mais informações consultem o Facebook e o blogue oficial do movimento.

Obrigada aos Lindy Hoppers e aos membros David Afonso e Paulo Rodrigues!


JustBecause: Para quem nunca ouviu falar, o que é o Lindy Hop e quem são os Lindy Hoppers?

Paulo Rodrigues (Lindy Hopper) (PR LH): O Lindy Hop é o que se dançava no Harlem desde o final dos anos 20 até aos anos 30, e depois se espalhou pela América até esta se juntar à II Guerra Mundial. Era um período caracterizado pela música swing, uma música sincopada, com influências do ragtime, e que tem um groove cheio de movimento, que nos faz logo bater o pé - e, para os mais irrequietos, os pés começam logo a dançar, mesmo sem se dar por isso!

A dança é social, dançada a par, com muitas influências do jazz (vintage, não da versão moderna), do sapateado, do Charleston (que teve um boom na América nos anos 20), e de outras danças da época.

Na altura dançava-se ao som de música ao vivo porque ainda havia poucas gravações e era comum no Savoy, um dos maiores salões de dança que ocupava um quarteirão inteiro do Harlem, estar mais que uma orquestra de swing (costumamos chamá-las de Big Bands) em rotação, para a música não parar. Mal uma terminava uma música começava logo a outra a tocar.

Os Lindy Hoppers são os dançarinos de Lindy Hop. Também foram conhecidos por Jitterbugs, Swing dancers, entre outras coisas.

O termo Lindy Hop tem uma curiosidade associada: foi no dia seguinte ao primeiro voo transatlântico sem paragens, entre Nova Iorque e Paris, realizado pelo aviador Charles Lindbergh, carinhosamente conhecido pelos americanos como Lindy pelas suas façanhas aéreas, que um repórter terá ido ao Savoy fazer uma reportagem sobre esta dança. Na manhã desse dia os títulos dos jornais anunciavam a travessia. Um deles diria algo como "Lindy Hops the Atlantic". Quando este repórter perguntou a um dos dançarinos o que ele estava a fazer, nessa noite, este terá respondido: I'm doing the Lindy Hop.
JB: O Lindy Hop remete para os ritmos dos anos 30. Como nasce/renasce o movimento em pleno séc. XXI em Portugal?

PR LH: A dança "morreu" com a Guerra. Depois desta a música mudou, passaram-se a usar bandas mais pequenas, disseminou-se também os discos, pelo que mudando a música a dança também terá evoluído para outras formas.
Nos anos 80 uns suecos descobriram a dança vendo filmes antigos e resolveram procurar os dançarinos originais, penso que do filme Hellzapoppins (mas posso estar engando).  Seja como for, voaram até aos EUA e encontraram Frankie Manning, que se tornara carteiro e não dançava há décadas. Convenceram-no a ensiná-los e, aos poucos, a dança foi sendo redescoberta.
Em Portugal a dança surgiu pela mão da Abeth Farag, uma californiana que a aprendeu quando era adolescente.  Ela estava a viver no Porto, ensinando inglês, e resolveu começar a ter aulas de sapateado. Ouvindo a música, e por ser música muito coincidente com a música do Lindy Hop, foi-se relembrando da dança e terá sentido saudades de a dançar. Então resolveu ensiná-la às colegas do sapateado, por brincadeira, que foram chamando amigos e mais amigas e aos poucos formou-se um grupo que queria aprender esta dança.
Em Lisboa não sei bem como aconteceu. A Abeth foi convencida por um grupo de rockabillies, que queriam aprender alguns passos, a vir uma vez por semana, aos domingos à tarde. Desse grupo original não resta ninguém nas aulas, mas ainda há alguns que vêm às festas e dançam, um misto de rock'n roll, jive, lindy hop.

JB: Para que os leitores possam ter noção mais próxima do que estamos a falar, que tipo de músicas (familiares ao público) se ouvem e dançam?Lindy Taster by Lindy Hoppers Lisboa on Grooveshark 

Glenn Miller, Duke Ellington, Louis Armstrong, Ella Fitzgerald são dos mais conhecidos, mas há muitos outros!

JB: Para quem quiser conhecer o movimento há aulas e também práticas, correcto? Como funcionam?

PR LH: Há aulas regulares, 1x por semana. Começarão lá para Setembro, mas ainda não há datas anunciadas.
As práticas são os próprios alunos que vão organizando, combinando horas e locais. Normalmente tentamos ir para o coreto do Jardim da Estrela, mas quando não conseguimos (por estar ocupado com outros eventos) tentamos ir para o Largo do Carmo, ou até outros locais.
São abertas a toda a gente, o que quer dizer que se alguém quiser ver como é ou experimentar alguns passos mais simples pode começar por ir a uma prática. Para aprender mais passos já precisará de ganhar alguma técnica, e aí o melhor é começar a ter aulas.
JB: Onde dançam e convidam a dançar?

PR LH: No coreto do Jardim da Estrela, ou no Largo do Carmo. As festas têm sido em vários locais: começaram pelo STEPS, mas já fomos ao Bacalhoeiro, ao Infusão (uma crêperie), à ZDB.  E em Junho tivemos o primeiro mini-festival de Lindy Hop em Lisboa - já aconteceram outros no Porto, onde há mais praticantes , com festas no Teatro do Bairro, Teatro Cornucópia e na ZDB.
JB: Lisboa gosta de dar um pezinho de dança? Os Lisboetas mostram-se interessados e curiosos quanto à Iniciativa?

PR LH: Muito! Há sempre alguém que pára para nos ver, às vezes até aplaudir - nós até nos rimos às vezes porque não é nossa intenção criar um espectáculo, mas apenas dançar socialmente, e alguns dos curiosos já têm entrado nas aulas e pertencem agora à comunidade.
JB: E é preciso levar par ou a música encarrega-se de encaixar os pares?

PR LH: Os pares não são obrigatórios, mas é normal haver mais interesse delas do que deles, pelo que se elas trouxerem par - para as aulas - é mais provável que consigam vaga na turma. Para eles costuma ser mais fácil.  A dança, como outras danças sociais, não se aprende com um par fixo. Nas aulas vai-se rodando de par, para todos aprenderem a se adaptar ao outro, porque cada um dança de uma forma ligeiramente diferente e é importante estarmos com atenção ao par.  E porque, quando a atenção ao outro está mais interiorizada e os passos já são naturais, deixa de haver uma grande definição de leader (papel reservado ao homem) e follower (mulher), passando ambos a poder sugerir o que fazer a seguir, em plena dança.
JB: Com o ritmo acelerado que se vive na cidade, consideram que esta é uma boa opção para “quebrar a rotina”, conviver e recuperar energias?

PR LH: Certamente. Permite queimar imensas calorias - há aulas que parecem sessões de ginásio intensivo! - e divertir-se imenso. No final estamos todos exaustos mas com um enorme sorriso. E é isso que nos faz voltar.
JB: Até agora, quantos já dançaram ao ritmo dos Lindy Hoopers?

PR LH: Penso que para cima de 100 no Porto, talvez 50 em Lisboa.
JB: Há já actividades agendadas para os próximos tempos? Onde e quando?

PR LH: Em Lisboa só temos feito práticas no Verão. Talvez se faça uma festa mas ainda não está marcada. Será anunciada no blog e no facebook logo que esteja tudo afinado. No Porto haverá um Exchange no final de Agosto/início de Setembro - um exchange é um festival só com festas, sem aulas, onde o convívio ganha mais destaque.
JB: Quem tiver interesse e quiser dar um pezinho de dança convosco, como pode fazê-lo?

PR LH: Apareça numa das práticas e peça que lhe ensinem uns passos simples. Há sempre alguém mais avançado que pode ajudar nos primeiros passos.  Idealmente traga um par, para poder ir praticando quando o(a) "professor"(a) for também ele(a) praticar... :)
Se tiver, depois, interesse em aprender a sério, esteja atento ao blog. Durante este mês ou talvez no início de Setembro serão anunciados os horários para o novo ano.

8 comentários:

  1. Ai, ai!!! Acho que começo a ficar viciada em Justbecause :o) ah ah ah
    Boa música, só podia dar boa dança!!!!
    Obrigada Raquel, por dares a conhecer estas tendências... :o)
    Ana

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    Respostas
    1. Ana, fico tão contente por saber que o JustBecause se está a tornar um vício saudável! ahaha
      Que bom!
      Obrigada por seguir!

      Beijinhos,
      Raquel

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