terça-feira, 17 de maio de 2011

"Vou-te enviar uma carta"

Vou-te enviar uma carta Luísa Castel-Branco


Não uma mensagem por telemóvel, ou um email. Não, uma carta como se fazia dantes. Vou comprar um selo (quanto custará?), envelope e papel ainda por aí tenho.

É outra coisa, sabes?
Já me vejo a ponderar cada palavra, porque numa carta as palavras têm um peso diferente, uma força muito maior.
Hoje a vida é feita de rapidez, aceleração e tudo é descartável, dos objectos às amizades, e claro o amor. O amor tornou-se tão antigo como as cartas, as que têm selo. A paixão, essa, é actual e constante. Toda a gente tem necessidade de estar apaixonada. E raros são os que conhecem o amor, porque para tal é necessário tempo, empenho, sacrifício e alegria.
O amor passou de moda. Ninguém quer sofrer, ou lutar, ou investir numa relação, ultrapassar os momentos difíceis e acreditar que há um futuro.
Por isso a sociedade anda assim, perdida, desolada, sem sonhos.
É altura de voltar às cartas de amor ou de tristeza, não importa.
Desde que gastemos tempo, carinho e coloquemos dentro do envelope, que fecharemos lambendo lentamente a tira de cola, um pedaço de nós.

Por isso, quando a receberes no teu correio, entre as muitas folhas de publicidade, as contas da casa, a correspondência do Banco, sei que vais olhar com espanto (há quanto tempo não recebes uma carta pessoal, escrita à mão?).
Talvez me respondas de volta. Quem sabe.
Talvez comecemos a trocar correspondência e eu guarde as tuas palavras numa gaveta perfumada, palavras escritas sem pressa, sem outro objectivo que não conversarmos os dois, com o tempo no relógio parado.

12 comentários:

  1. Verdade nua e crua.
    Tenho saudades de escrever, saudades de ter tempo, parar, sentar-me e escrever sem dar pelo tempo passar, saudades de sentir a mão transpirar de tanta força que faço no lápis, saudades de vaguear pela imensidão dos sonhos e filmes mentais constantes. Textos, cartas, livros... não sei, mas tenho muitas saudades de escrever.

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  2. que saudades de escrever uma carta (: saudades de lamber o selo e enviar o papel na ranhura da caixa do correio! saudade de ter vontade de escreve-las <3

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  3. Antigamente, escrevia imensas cartas. Umas enviava outras guardava-as para mim na esperança de um dia ter coragem de enviá-las...muitas cartas eu guardei. Hoje são apenas recordações que nunca chegaram ao destinatário e que quem sabe se tivessem chegado não teriam mudado o rumo da minha história. Mas infelizmente a coragem, essa nunca apareceu e as cartas estão hoje guardadas na minha gaveta e não na gaveta de quem as devia ter recebido. Mas a vida é mesmo assim... e a verdade é que hoje não escrevo mais cartas.

    Acho que era tudo mais intressante antigamente...

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  4. O tempo das cartas já lá vai... Mas eu acho que vou voltar a esse tempo. Estou farta de telemóveis, farta de mensagens impessoais no Facebook. Farta da falta de coragem para se dizer de forma sincera o que se sente...

    Tenho saudades de enviar cartas.
    Mas acho que vou voltar a fazê-lo.

    E há pouco tempo enviei uma carta que há-de ser sempre a carta que mais orgulho tive a escrever...
    Já tive uma bela história com cartas e sinto-me tão feliz por isso!

    O que importa é fazer com que as coisas mágicas, como estas, se tornem intemporais....

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  5. eu gosto é da carta de condução. ;)
    estou a brincar. também gosto tanto de escrever. escrever sobre tudo e para todos.
    Just write.
    tenho um blog : http://woman-spot.blogspot.com/

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  6. Também eu gosto de escrever e receber cartas,é uma sensação com sentimento especial quando a estamos a escrever,e quando a recebemos com aquele nervoso miudinho que não sabemos o que vamos encontrar,esperando sempre que sejam letras que nos façam felizes.
    Ler ou escrever uma carta de alguém que gosta de nós,tão bom!
    Mas hoje as mulheres já não dão valor a uma carta....
    Só mensagem digitais,que se vão com os aparelhos quando se avariam.
    Uma carta fica sempre para a vida,quantas cartas recebi com perfume,que ainda hoje se sente o cheiro,hum...que saudades de ser amado e de amar...
    Ângelo

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    Respostas
    1. Ângelo, concordo contigo.
      Sabes que mais? Estimula a prática e envia cartas... a amigos, a namoradas, a familiares a conhecidos... Sente o cheiro das relações através das palavras escritas.

      Rach

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    2. Pois Raquel,
      mas quem quer dar-se ao trabalho de
      abrir uma carta e tentar decifrar a letra e as palavras escritas da pessoa que a escreveu?
      Se ao menos te pudesse enviar uma carta,aí sim
      teria a certeza de que seria aberta com gosto e carinho.
      As cartas não são só para se lerem,mas para se
      sentirem também.

      Ângelo.

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    3. Temos que inverter essa tendência, Ângelo!
      Pensar que não irá resultar é estar a condicionar a acção quando o resultado pode até ser bastante diferente...

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  7. Hoje é o dia.
    Tenho de enviar uma carta à minha mulher,
    ela atura-me tantas vezes embora eu não o faça por maldade.
    Eu amo-a e nunca a quero desiludir,mas tenho um vício que a deixa aborrecida e por vezes fica demasiado tempo em casa sozinha,sei que o melhor seria parar com esse vício,não é impossivel mas é díficil.
    Tenho de lhe pedir desculpas por isso,mas não sei bem como o fazer,e pensei em,
    (enviar uma carta,já respondeu...)
    Seria enviar uma carta e esperar pela resposta vinda do correio,mas envio-lhe uma carta de amor,ou uma carta só a pedir desculpas?

    Miguel

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    Respostas
    1. Miguel, envie uma carta onde junte as duas coisas. Que tal recordar-lhe as coisas boas que passam juntas, dizer-lhe o quanto gosta dela e, no fim, convidá-la para um programa a dois?
      Não deixe de lhe escrever. Nem que resuma a escrita a um simples "Gosto de ti".

      Força!

      Ah e queremos saber o resultado!

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